Um fim de semana descansado



Por certo que já sentiam saudades de tamanho descanso. Um jogo com resultado feito muito cedo, com goleada, com golos do menino André Silva, com o fim da seca de golos no campeonato e com a perspectiva de assistir 'de cadeirão' ao clássico da tv a preto e branco. Soube bem, mas podia ser melhor. Por um lado, em Lisboa tivemos o resultado que menos nos interessava e que nos mantem à mesma distância do primeiro lugar. Por outro lado, a exibição foi pior que o resultado. É algo que acontece muito às grandes equipas: jogar pouco e ganhar. Não será normal fixarmo-nos no resultado e esquecermos o que de mau se foi fazendo. Mas há que valorizar a tranquilidade com que resolvemos esta difícil deslocação, depois do que aconteceu nas anteriores.

O onze foi mais uma vez consensual, apesar de eu não me conformar com o facto de o Ruben não ser titular. Não me conformo agora e nunca me conformarei. Por muito bem que jogue o Danilo, nunca poderá atingir patamares ao nível da organização de jogo e da gestão dos ritmos do mesmo, que Ruben atinge sem esforço. É talento natural, tal como o Ruben nunca poderá cabecear bolas no 'terceiro andar'. Mas este ano temos uma ajuda a Danilo, que não tínhamos no ano passado, e que  pode ajudar a esquecer algumas das limitações do internacional português: é Oliver. Quanto mais Oliver pega no jogo, mais Danilo brilha, porque passa a ser obrigado a fazer apenas o que faz bem. Tem de destruir, usar o corpo, atacar a segunda bola e entregar limpo e curto. Esta especialização faz com que Danilo esteja a fazer uma grande época. Acontece o mesmo com os centrais. Nuno também arranjou uma maneira de eles brilharem mais, isentando-os de qualquer responsabilidade na construção de jogo. Jogam simples, cortam para a bancada e só podem tocar curto sem risco ou, em alternativa, esticar logo o jogo. O problema é que nem sempre as bolas longas têm resultado em penalti concretizado, com expulsão de um adversário. Diga-se também que nem todas as bolas longas vêm dos pés de Oliver... O que pretendo dizer é que não me conformo com esta nossa incapacidade de ter bola com mais qualidade, mesmo em jogos em que dominamos por completo. Não me canso de dizer que este modelo de Nuno torna o futebol mais aleatório e permitiu por exemplo que um Feirense 'morto' fosse capaz de mandar duas bolas aos ferros. O jogo com o Leicester deu-me alguma ilusão de que estaríamos a evoluir no modelo de jogo, mas o de hoje volta a deixar-me a dúvida. Vale o resultado gordo e a perspectiva de que o 'choro' está a dar frutos. Não que ache que tenhamos sido beneficiados. Mas, pelo menos, não nos prejudicaram...

Individualmente, dou o MVP a André Silva que ganha o lance que decidiu o jogo e ainda marcou mais um golo. Com nota bem próxima, Oliver e Marcano. Todos os restantes têm nota positiva mas não muito alta, visto que jogamos apenas o estritamente necessário. Voltou a ser possível dar minutos a Rui Pedro. Pena que já estivéssemos em poupança. Grande jogada do Herrera no final. Esperemos que dê para o animar um pouco.

Comentários

JB disse…
totalmente de acordo quanto a Rúben Neves! Apesar de achar que Danilo tem melhorado bastante este ano. Partilho também a frustração com este modelo de jogo de pontapé para a frente. Com jogadores como Oliver, Brahimi, Corona e Jota não faz ponta de sentido. Quanto aos centrais, é verdade que têm menos responsabilidade na construção e que jogam de forma mais simples, mas não acho que tal seja necessariamente uma vantagem, porque dessa forma, em construção, temos sempre 3 (centrais e Danilo) jogadores a menos. Além disso, Oliver como único responsável pela construção, é obrigado a ficar demasiado recuado quando, na minha opinião, poderia fazer estragos se jogasse dentro do bloco adversário, o que vai de encontro a outro dos motivos pela minha preferência por Rúben Neves.